- Por sindiproladuel
- postado em 14 de dezembro 2023
- em Boletins
Numa luta, derrotas e vitórias devem ser identificadas e analisadas de modo contextual, não em abstrato; não conforme os desejos, mas na articulação destes com as possibilidades. No caso da campanha salarial deste ano das e dos docentes das universidades estaduais paranaenses, uma avaliação meramente quantitativa e apressada poderia qualificá-la como uma derrota, pois, grosso modo, ante uma defasagem de 42%, houve uma reposição de 5,79% (data-base geral) e elevação dos Adicionais de Titulação (ATT) nos seguintes percentuais: especialistas, 25% para 30%; mestres, 50% para 60%; doutores, 80% para 105%.
Assim, sem contar gratificações, anuênios e quinquênios, os dois reajustes somam um incremento salarial de 10,02% para especialistas, 12,84% para mestres e 20,48% para doutores (a grande maioria da categoria). Porém, vejamos alguns fatos.
Nos últimos sete anos, apesar da luta, não tivemos reposição da inflação anual na data-base. Na maioria deles, não tivemos reposição alguma. Neste ano, mesmo com o desmonte da luta unitária do funcionalismo pela política do governo de fazer “ajustes” em algumas carreiras, conquistamos um índice que recupera praticamente a metade das perdas salariais acumuladas.
No contexto de um governo estadual de feição ultraliberal, marcado pelas políticas de desmonte do serviço público, pelas generosas desonerações fiscais à alta burguesia e que faz de tudo para desqualificar as reivindicações, as lutas e as organizações sindicais, não se pode dizer que estamos ante uma derrota sindical. Renascemos na luta e, em meio a um ambiente de uma intensa tentativa de descrédito das universidades e seus profissionais por governos, grupos e indivíduos ligados à direita e à extrema direita, somos a única categoria do funcionalismo que teve força para fazer uma greve. Greve que, em conjunção com a pressão das direções sindicais sobre o governo e parlamentares, bem como com o auxílio de alguns destes, acabamos obtendo uma vitória parcial.
Por que uma vitória? Simples: em condições muito adversas, invertemos o curso da política de arrocho e começamos uma trajetória de recuperação salarial. Inclusive, sabendo da dificuldade da luta, inverter essa trajetória, passando de perdas para recomposição, foi um objetivo realista almejado – e assim exposto para a categoria – pelas seções sindicais em inúmeras reuniões e assembleias. E esse objetivo foi alcançado. Aliás, quantas categorias docentes do ensino superior tiveram reposição salarial semelhante no país? Eis o resultado da luta dos docentes do Paraná.
Seja como for, a luta não acabou; na verdade, ela nunca para. Tomando como referência a nova tabela salarial, no caso dos doutores, hoje precisaríamos de 17% de reajuste para sanar os 22,24% de defasagem salarial atual ante janeiro de 2016. A inflação está mais baixa, mas continua a corroer os nossos salários mensalmente. Precisamos reconquistar a política de reposição integral dos salários no mês da nossa data-base. Igualmente, corrigir distorções nas titulações, avançar na luta pela elevação do piso, exigir concursos públicos e enfrentar a LGU. Porém, esses e outros assuntos precisam ser amplamente discutidos e deliberados pela categoria em assembleias no início do próximo ano, quando daremos início à campanha salarial de 2024.
E, apesar das críticas – às vezes, válidas; outras, deletérias – e de alguns posicionamentos que pouco contribuem com a luta, sabemos que demos um passo importante na luta pela recomposição dos nossos salários. Mas, claro, essa história não acabou. Teremos novos capítulos duríssimos pela frente. E somente de modo organizado e coletivo, nós poderemos alcançar os nossos objetivos.
Nesse sentido, conclamamos a todas e todos os docentes a somarem forças na luta coletiva. Essa luta não acontece se não temos participação nas atividades e na manutenção do nosso sindicato. É importante reconhecer que a luta e as conquistas não acontecem sem um sindicato forte, cuja existência é um trunfo e resultado do esforço da categoria docente.
Filie-se ao Sindiprol/Aduel!
Juntos somos mais fortes!