Relatório da pesquisa com docentes com contrato temporário na UEL + campanha de filiação

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NOTA SOBRE A PROPOSTA DE MINUTA QUE DISPÕE SOBRE AS DIRETRIZES ADMINISTRATIVAS PARA A DISTRIBUIÇÃO DAS ATIVIDADES DOCENTES

No mês de junho de 2021, o Conselho de Administração (CA) da Universidade Estadual de Londrina (UEL) encaminhou para análise das Direções de Centro uma proposta de alteração das Resoluções CA nº 92/1999, 163/2009 e 180/2009. As Direções, no mês de agosto, solicitaram às Chefias e às Coordenações de Colegiado (Graduação e Pós-Graduação) o debate da minuta e consequente posicionamento acerca das alterações apresentadas. É oportuno enfatizar que as discussões sobre as alterações já vinham sendo realizadas por um grupo de trabalho instituído em 25 de setembro de 2019, constituído por representantes da PROPPG, PROPLAN, PRORH, PROGRAD, PROEX e pelos diretores dos Centros.

A minuta em questão estabelece diretrizes administrativas para a distribuição das atividades docentes e propõe alterações, sobretudo, na Resolução CA vigente, nº 0180/2009.

O Sindiprol/Aduel encara com muita preocupação esse movimento de modificações sobre a administração da carga horária das atividades docentes, alertando que estamos num contexto em que alterações em diversas leis têm incidido negativamente nos direitos das servidoras públicas e dos servidores públicos e, particularmente, no desmonte da carreira do funcionalismo público. Não é demais (re)lembrar, por um lado, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32, atualmente em tramitação na Câmara dos Deputados e na iminência de ir para votação em plenário, que propõe uma (contra)reforma administrativa, suprimindo direitos e eliminando a estabilidade – por enquanto – dos novos servidores públicos; e, por outro, a Lei Geral das Universidades (LGU) a ser enviada em breve para a Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), que, como sabemos, perdeu qualquer autonomia real e aprova todas as propostas do governo Ratinho Jr.

Em um cenário de desmonte dos serviços públicos, de congelamento de investimentos em políticas sociais, de redução de investimentos em pesquisa, de forte presença de uma direção gerencial, privatista e “eadista” por parte dos governos na política educacional (federal e estadual), é preciso defender, intransigentemente, a universidade pública, gratuita e universal, bem como as trabalhadoras e os trabalhadores que a alicerçam e a constroem.

A defesa das condições de trabalho e o enfretamento aos ataques substanciais à carreira docente são exigências que se colocam, ainda de forma mais premente, na cena contemporânea. É nessa direção que a proposta de minuta em debate na comunidade acadêmica da UEL deve ser encarada com rigor crítico e com preocupações.

Como consta na Constituição de 1988, replicada na estadual do Paraná, a premissa fundamental da universidade é a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Sendo assim, a carga horária docente a ser cumprida, de acordo com seu contrato de trabalho, deve ser disposta em atividades de ensino, pesquisa e/ou extensão, como preconizado no Regimento Geral da UEL e em outras normativas institucionais. Vale dizer, é no conjunto do corpo docente que se cumpre o tripé que orienta a missão da universidade em prol do desenvolvimento social da comunidade, como forma de combate às desigualdades sociais e a outras mazelas da sociedade em que vivemos.

Ao reorganizar a distribuição das atividades docentes, a proposta de minuta acaba por enfatizar as atividades de ensino, alterando a forma de realizar seu cômputo, retirando alguns componentes até então considerados como carga horária de ensino (como orientação de monografia ou equivalente de cursos de pós-graduação Lato Sensu e orientação de dissertações e teses em programas de pós-graduação Stricto Sensu), e ampliando a carga horária mínima exigida na resolução atual que prevê carga didática (incluindo aulas na graduação e pós-graduação, supervisão de estágio curricular obrigatório e internatos, orientação de trabalho de conclusão de curso, de monografia de especialização, dissertações e teses e atividade complementar) de 8 (oito) horas/semana/ano, sendo que todo docente deverá ministrar, no mínimo, 4 h/aula/semana/ano na graduação.

Um ponto que chama a atenção é a ausência de um artigo específico que garanta, como há na resolução atual, a carga horária para atividade de preparação das aulas, denominada como atividade complementar no art. 4º da Resolução CA nº 0180/2009. A reafirmação de carga horária para a atividade complementar é imprescindível, para que não se retroceda na concepção de ensino e não se caminhe no sentido da precarização ainda maior das condições de trabalho das e dos docentes.

Enfatiza-se também que, na proposta em questão, considerando as exigências da creditação da extensão, propõe-se considerá-la categoria ensino, mas não podendo compor as 8 (oito) horas de ensino/semana. Pergunta-se: como mobilizar e dar condições para a realização de atividades de extensão não computando-as na carga horária mínima exigida?

A resolução em análise toma as atividades de ensino, isoladamente, sem incorporar e apresentar diretrizes em relação às atividades de pesquisa e extensão. O debate sobre a resolução destinada ao ensino deve ser acompanhado, concomitantemente, às formulações e diretrizes para a pesquisa e a extensão, na perspectiva de sua indissociabilidade. Como pensar em normativa para o ensino sem debater e defender o lugar da pesquisa na universidade?

O controle proposto para as atividades docentes, a serem registradas no formato agenda diária/semanal, também nos causa estranheza: 1) Não considera o volume, de fato, da carga horária cumprida pelo docente e, consequentemente, por engessar sua administração, desconsiderando as particularidades de cada curso, constitui-se muito mais como uma ferramenta fiscalizatória do que de acompanhamento por parte das chefias; 2) A carga horária já é distribuída pelas chefias e o monitoramento de seu cumprimento também.

Diante deste quadro, o Sindiprol/Aduel vê com extrema preocupação a discussão em curso, pois, ao lado de outras minutas, como a da avaliação docente, fomenta ainda mais a precarização do trabalho, ao reduzir nossas atribuições praticamente ao ensino – leia-se, “professoras e professores auleiros”. Tudo isso para atender a pressões externas à UEL, que, ao cabo, querem transformar as Instituições Estaduais de Ensino Superior (IEES) em “colégios de ensino superior”, aos moldes da quase totalidade das Instituições de Ensino Superior (IES) privadas.

O Sindiprol/Aduel, cumprindo seu papel de defensor dos direitos trabalhistas dos servidores docentes, bem como da universidade pública, gratuita e universal – que zela pela indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão –, repudia as tentativas, conscientes ou inconscientes, de precarizar ainda mais o trabalho docente na Universidade Estadual de Londrina.

CONFIRA O RELATÓRIO DO SINDIPROL/ADUEL SOBRE AS CONDIÇÕES DE TRABALHO NA PANDEMIA

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PREOCUPA CONDIÇÕES DE TRABALHO DOS DOCENTES DURANTE A PANDEMIA

Nova pesquisa sobre as condições de trabalho realizada pelo Sindiprol/Aduel, entre os dias 31 de agosto e 20 de setembro, mostra que triplicou o número de docentes que se sentem exaustos durante a pandemia. A pesquisa também levantou, nesta versão, as condições de trabalho dos docentes temporários.

Com o objetivo de conhecer as condições de trabalho, no mês de abril, ao completar o primeiro mês de isolamento social, uma pesquisa foi realizada com os docentes da UEL, da Uenp e do campus de Apucarana da Unespar. Respondida por mais de 300 docentes, os dados já davam alertas de que a situação não era nada tranquila. Na época, 95% dos docentes indicavam que não haviam parado de trabalhar, mesmo que remotamente, 22% estavam trabalhando mais que 8 horas diárias e 17% consideravam o trabalho exaustivo. (Veja o boletim completo .)

O Sindiprol/Aduel vem acompanhando com apreensão as condições de trabalho dos docentes. Desde então, oficiou aos reitores solicitando a constituição de uma mesa de negociação permanente relacionada às condições do trabalho docente, evocando as orientações do Ministério Público do Trabalho e do Andes-SN acerca do trabalho remoto. (Veja o boletim, publicado em 28 de julho, sobre o assunto clicando .)

Nova pesquisa mostra agravamento da situação

Passados cinco meses, ao replicar a pesquisa, observamos que a situação se agravou. Foram 315 docentes que responderam: 218 da UEL, 92 da Unespar/Apucarana e 5 da Uenp.

Dentre eles, 169 são mulheres, 142 são homens e 4 se declararam não binários. Com relação à faixa etária, os docentes estão igualmente distribuídos nas faixas entre 31 a 60 anos; 11% têm mais de 60 anos.

Mais da metade (56%) respondeu que está trabalhando mais que 8 horas por dia; 29% considera que as condições do seu isolamento social estão lhes causando dificuldades; e 35% consideram as demandas de trabalho exaustivas (mais que o dobro da pesquisa anterior). Se estes forem somados àqueles que consideram tal demanda incompatível, ou na maior parte do tempo incompatível com o isolamento social, teremos quase 60% dos docentes com muitas dificuldades para o exercício do trabalho docente nesta condição.

A precarização do trabalho dos docentes temporários

Nesta segunda versão da pesquisa, foram feitas algumas perguntas exclusivamente para os docentes temporários. 18% dos que responderam ao questionário são temporários. Do total, 41% informam que ocupam mais da metade da sua carga horária com disciplinas e 54% têm sob sua responsabilidade cinco ou mais ementas diferentes. Temos ainda que 32% não participam de atividades de pesquisa ou extensão, sendo que, daqueles que participam, 1/3 não tem carga horária para isso.

As condições de trabalho dos docentes temporários têm sido objeto de reuniões abertas, e precisam ser observadas por todos os docentes, pelas instâncias administrativas e pelos trabalhadores organizados no sindicato, como forma de limitar o processo de precarização do trabalho.

Quem é responsável por garantir condições adequadas ao trabalho docente?

Em abril, já apontávamos que a condição de isolamento social, de incertezas e medo diante da pandemia, produziria diferentes graus de ansiedade e diversas repercussões em nossa vida, nossa saúde e em nossa capacidade de trabalho; problemas que hoje são bem conhecidos de todos nós.

As situações geradas pelo ensino não presencial vêm sendo denunciadas sistematicamente por estudiosos e pela imprensa, e vão desde a falta de interação entre docentes e estudantes até as dificuldades em aferir o conhecimento obtido.

Além disto, as condições em que ocorre o ensino remoto emergencial, embora se apresentem como transitórias, estão impondo aos docentes (e aos estudantes também) condições de precarização típicas do ensino a distância.

Aproveitando-se da pandemia, e utilizando como subterfúgio o ensino remoto emergencial, as universidades, de um modo geral, avançam na implantação do EaD. Para isso, se insiste no uso de plataformas próprias do EaD, estimula-se a “cultura” das atividades “assíncronas” e a gravação de aulas que ficam armazenadas em bancos de dados.

O Sindiprol/Aduel teve acesso a termos de cessão de direitos autorais que circulam em alguns locais nas nossas universidades, nos quais não há uma linha sequer que resguarde os direitos dos docentes. Os equipamentos e muitos aplicativos em uso pelos docentes são pessoais, sem falar nos custos de adequação de espaços, gastos com energia elétrica, internet e outros insumos.

A falta de orientações sobre estes e outros elementos por parte das administrações tem sido objeto de preocupação do sindicato e estão sendo levadas às mesas de negociação. As reitorias da UEL e da Unespar já se dispuseram a discutir esses e outros aspectos das condições de trabalho dos docentes. Inclusive, na UEL já foi realizada uma primeira reunião. Na Unespar, onde o Sindiprol/Aduel participa junto com o Sindunespar, espera-se a primeira reunião para os próximos dias. Somente a reitoria da Uenp ainda não respondeu a estas solicitações.

Campanha em Defesa da Ciência da Universidade Pública

Na Campanha em Defesa da Ciência e da Universidade Pública, o Sindiprol/Aduel quer dar a voz aos docentes para explicar aos cidadãos a importância das pesquisas e das atividades extensionistas desenvolvidas pela universidade na formulação de conhecimentos e respostas aos problemas da sociedade. Embora esta seja uma necessidade recorrente, com a crise sanitária provada pela pandemia da Covid-19, sabemos que só a ciência pode apresentar soluções para os problemas sociais e políticos contemporâneos. A necessidade também se reforça diante do sistemático desmonte do financiamento das pesquisas, da extensão e das universidades públicas como um todo, que redundou no rebaixamento da capacidade do país para enfrentar, por exemplo, o urgente e gravíssimo problema da pandemia.

Saiba mais sobre a campanha:

João Zequi (departamento de Biologia Animal e Vegetal do CCB/UEL):

Cristina Simon (departamento de Letras Clássicas e Vernáculas do CLCH/UEL):
Renata Perfeito Ribeiro (departamento de Enfermagem do CCS/UEL):
Moisés Alves de Oliveira (departamento de Química do CCE/UEL):
Marselle Nobre de Carvalho (departamento de Saúde Coletiva do CCS/UEL):
Reginaldo Moreira (departamento de Comunicação do CECA/UEL):
Sérgio Dantas (colegiado de Matemática da Unespar/Apucarana):
Ana Lucia da Silva (departamento de Matemática do CCE/UEL):
Maria Nilza da Silva (departamento de Ciências Sociais do CLCH/UEL):
Antonio Donizeti (colegiado de Pedagogia da Uenp/Jacarezinho):
Deize Lopes (departamento de Construção Civil do CTU/UEL):
Andréa Pires Rocha (departamento de Serviço Social do CESA/UEL):
Wilma Aparecida Spinosa (departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos do CCA/UEL):
Fernanda de Freitas Mendonça (departamento de Saúde Coletiva do CSS/UEL):
Karina de Toledo Araújo (departamento de Estudo do Movimento Humano do CEFE/UEL):