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Alunos presos em reintegração da USP dizem ter apanhado da PM

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Fonte: G1

Publicado em 12/11/13

Cerca de 100 estudantes da Universidade de São Paulo (USP) se concentram em frente ao 91º Distrito Policial, em São Paulo, na tarde desta terça-feira (12), em solidariedade a dois alunos da universidade que foram detidos após a reintegração de posse da reitoria no início da manhã desta terça. Os manifestantes apitam e dizem palavras de ordem como “liberem nossos presos.”

Os alunos planejavam fazer uma manifestação às 16h desta terça na Avenida Paulista. Mas, após a detenção dos dois estudantes, o protesto foi transferido no início da tarde para a delegacia onde estão os jovens.

Por volta das 17h30, o delegado Wanderley Afonso da Costa Junior pediu que os manifestantes deixassem o local. Ele alegou que o espaço se trata de uma área de segurança e que a permanência dos alunos não mudaria a situação dos detidos. No entanto, os estudantes sinalizaram que não devem deixar a frente da delegacia. A ideia, segundo Daniel Luz, um dos diretores do Diretório Central de Estudantes “Alexandre Vannucchi Leme” (DCE Livre da USP), é fazer uma vigília em solidariedade aos estudantes e em protesto ao que eles classificam como “prisão arbitrária dos alunos”.

CRONOLOGIA DA OCUPAÇÃO NA USP

1º de outubro: Após tentarem entrar na sala da reunião do Conselho Universitário que votou por mudanças no processo eleitoral da USP, estudantes decidem ocupar o prédio onde fica a Reitoria

3 de outubro: Reitoria da USP pede na Justiça a reintegração de posse do prédio

8 de outubro: Tribunal de Justiça de SP promove reunião entre estudantes e Reitoria, mas ela acaba sem acordo

9 de outubro: Justiça indefere o pedido de reintegração de posse feito pela USP

15 de outubro: o TJ-SP concede 60 diaspara que alunos negociem a saída do prédio

18 de outubro: Estudantes em grevebloqueam entrada principal do campus da Cidade Universitária

23 de outubro: Deputados estaduaisvisitam a Reitoria ocupada

29 de outubro: Novo protesto de estudantesvolta a bloquear a entrada do campus

31 de outubro: Reitoria entrega aos estudantes proposta de acordo que inclui a convocação de uma estatuinte para reformar o estatuto da USP, incluindo o debate sobre eleições diretas para reitor

4 de novembro: TJ-SP aceita novo pedido de reintegração de posse feito pelo reitor

5 de novembro: DCE Livre da USP entra com recurso contra o mandado judicial

6 de novembro: Justiça notifica estudantes da decisão; a comissão da Reitoria entrega nova proposta aos representantes dos alunos, dessa vez sem citar a estatuinte; em assembleia, mais de 1.200 estudantesrechaçam a proposta e ocupação é mantida

7 de novembro: Após uma noite de vigíliana Reitoria, estudantes voltam a se reunir com os negociadores, mas a reunião termina sem alteração dos termos do acordo

12 de novembro: Durante a madrugada, Tropa de Choque da PM chega ao campus para executar a reintegração de posse do prédio. Estudantes fogem, mas dois deles acabam detidos

Os dois alunos da USP foram presos no começo da manhã desta terça após a reintegração de posse da reitoria. A operação foi feita pela Justiça com a participação da Tropa de Choque da Polícia Militar. Inicialmente, eles foram levados ao 93 º Distrito Policial, mas durante a tarde foram transferidos para o 91º DP.

Segundo delegado titular do 93º DP, Celso Garcia, os presos são alunos da  Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e foram detidos durante tentativa de fuga do prédio e devem ser indiciados por dano e furto ao patrimônio público, além de formação de quadrilha. “O grupamento de Choque, ao chegar ao local, foi recebido com rojões, pois eles já aguardavam a reintegração. Houve, então, uma fuga em massa. Só que dois deles foram detidos no momento dessa fuga”, disse Garcia.

Novos indiciados
O titular do 93º DP afirmou que integrantes do DCE devem ser chamados a depor. Garcia disse ainda que os alunos que forem identificados serão indiciados no curso do inquérito.

“Provavelmente, os membros do diretório estudantil serão chamados, porque têm conhecimento e participaram desta invasão. Eles também são responsáveis. A partir do momento que você abre a porta de uma casa, mesmo que você não pegue o que está lá dentro, você também é o autor do furto”, afirmou.

Ocupação durou 42 dias
A Tropa de Choque cercou o prédio no fim da madrugada e a reintegração de posse ocorreu por volta das 5h30. Todos os alunos saíram do prédio e, por volta das 7h30, a maioria dos policiais já havia deixado a USP. Na manhã de quarta-feira (6), o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) entregou aos estudantes a notificação da decisão judicial favorável à reintegração de posse. O Diretório Central Estudantil (DCE) chegou a entrar com recurso.

No total, 250 policiais, quatro carros do Choque e dois carros do Corpo de Bombeiros acompanharam a reintegração. Os bombeiros seriam acionados caso houvesse conflito. Duas pessoas, entre elas um aluno da universidade, passaram por averiguação da Polícia Militar e foram liberadas.

Os estudantes afirmaram que alunos em vigília observaram a chegada do Choque e avisaram os demais que estavam dormindo. Segundo a aluna de letras Arielli Tavares, que participa da diretoria do DCE, os estudantes optaram por sair antes da entrada dos policiais.

“É inadmissível que em meio a um processo de questionamento a universidade opte por utilizar uma força totalmente desproporcional. Essa estrutura de poder é insustentável e não é através da força que eles vão mudar isso”, disse Tavares.

A PM também afirmou que a reintegração de posse ocorreu de forma tranquila, sem resistência. Segundo a PM, há muitos objetos quebrados dentro do prédio reitoria. Uma perícia será feita no prédio para depois ser liberado.

Na assembleia de quarta-feira, os estudantes votaram a favor da permanência no prédio, apesar de um termo de acordo proposto pela universidade ter sido considerado um avanço por representantes do DCE.

 

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