Estudo aponta que investimentos públicos na UEL poderiam gerar R$ 263 milhões na economia e 2.433 empregos

Depois do estudo sobre a importância de servidoras e servidores públicos da Universidade Estadual de Londrina (UEL) (confira a pesquisa aqui), Venâncio de Oliveira, economista formado na UEL e doutor em economia pela Unam (Universidade Nacional Autônoma do México), publicou um novo relatório de pesquisa, este sobre o impacto econômico da universidade na economia paranaense.  

Nesta pesquisa encomendada pelo Sindiprol/Aduel, além de ressaltar a importância da universidade na garantia de direitos (educação, saúde, cultura etc.) e na consecução de melhores índices de desenvolvimento humano, Venâncio de Oliveira desmonta os argumentos que advogam a tese de que investimentos em universidades seriam gastos improdutivos e que a solução mais adequada seria a privatização, argumentando que eles geram uma cadeia de oferta de bens e serviços capazes de gerar excedente retornável.  

Para isso, através da metodologia insumo-produto, que leva em consideração a cadeia de serviços movimentada pela UEL, seja nos empregos diretos e indiretos gerados, nos gastos no comércio ou na compra de produtos para o desenvolvimento de suas atividades de ensino, pesquisa e extensão, foi mensurada a perda em renda, emprego e produção devido à política de desmonte dos serviços públicos, em geral, e das universidades, em particular; uma política implementada principalmente pelos governos Beto Richa e Ratinho Junior. Assim, uma saída possível para a crise econômica vivida desde 2015, ao invés da política de desinvestimento, de superávit orçamentário e de renúncias fiscais bilionárias, como apresentado no primeiro relatório, seriam os investimentos públicos para financiamento de serviços, reposição do quadro de servidores (no caso da UEL, foram calculadas 606 perdas entre 2015 e 2019) e das perdas salariais (19% até 2019, valor utilizado neste estudo, mas já ultrapassando os 25% agora em 2021). 

(O FES – Fórum das Entidades Sindicais – e o Dieese – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – disponibilizaram uma calculadora para estimar as perdas salariais de servidoras e servidores do poder executivo do Paraná no período de jan/2017 a abr/2021. Para usar é simples, basta digitar o valor do salário e o aplicativo calcula as perdas estimadas no período. Estime suas perdas clicando aqui.) 

Em um primeiro momento, estimando as relações da universidade com outros setores econômicos do estado e, em particular, Londrina, onde, por hipótese, se concentra grande parte da cadeia movimentada pela Universidade Estadual de Londrina, foi calculado que cada R$ 1 real investido na UEL resulta em R$ 1,57 em renda do trabalho no Paraná, assim como R$ 2,13 em valor agregado na economia do estado. Se comparado o ano de 2015, quando foram gerados R$ 764 milhões em renda do trabalho e mais de R$ 1 bilhão em valor agregado, ao de 2019, as perdas pelo desinvestimento público e a falta de reposição de pessoal e salarial foram de R$ 82 milhões em renda do trabalho e R$ 238 milhões em valor agregado, dos quais grande parte teria movimentado a economia londrinense. 

Na sequência, seguindo a pesquisa, foi calculado o impacto econômico de alguns cenários, como a reposição dos 606 servidores e das perdas salariais de 19%, mencionados anteriormente. Se fosse recomposto o quadro de pessoal da UEL, o adicional gerado em 2019 teria sido de R$ 72 milhões em renda do trabalho e R$ 101 milhões em valor agregado. Caso, além disso, fosse feita a reposição salarial de 19%, em 2019, o valor agregado seria aumentado em R$ 263 milhões. Essa injeção na economia paranaense e, em particular, londrinense também representaria 2.433 empregos agregados no estado como um todo, ou seja, além dos 606 servidores, seriam criadas outras 1.827 vagas. 

Por isso, muito diferente de ser um gasto improdutivo, a Universidade Estadual de Londrina, estudada neste caso, é um patrimônio da cidade e do estado e contribui para a oferta de direitos e de serviços, além de, como demonstrado, representar um ator econômico fundamental, que pode ser um agente no auxílio para a saída da crise e a melhora dos índices sociais e das condições de vida da população londrinense e paranaense.  

Neste momento em que Londrina acumula mais de 1.300 mortes pela covid-19 pela insuficiência de políticas públicas adequadas, o peso dos anos de desinvestimento e de precarização dos serviços públicos (falta de financiamento, diminuição do quadro de pessoal, falta de reposição salarial etc.) se torna ainda mais evidente. O caso do Hospital Universitário (HU) da UEL é um bom exemplo. Referência do Sistema Único de Saúde (SUS) na região e no combate e tratamento de infectados pelo coronavírus – resultado do enorme esforço de seus profissionais -, o HU-UEL teve sua estrutura diminuída entre 2009, quando contava com 317 leitos, e 2012, quando realizou 209.395 atendimentos, e 2016, ano de referência utilizado no estudo, quando esses números foram de 300 e 186.281, respectivamente.

Baixe o relatório “Impacto econômico da UEL na economia paranaense” completo aqui.

Mais informações sobre o primeiro relatório “A importância dos servidores públicos da UEL” aqui.

No programa Aroeira do dia 15 de maio, Venâncio de Oliveira deu uma entrevista sobre o estudo e os principais resultados dele. A entrevista começa no minuto 29 e pode ser ouvida aqui. O programa Aroeira, produzido pela Assuel e pelo Sindiprol/Aduel, vai ao ar todos os sábados, às 12h, na Rádio UEL FM. Caso não consiga ouvir ao vivo, posteriormente ele estará disponível em agregadores de podcast, como o Spotify, e nos sites do Sindiprol/Aduel e da Rádio UEL FM