Os últimos anos da história brasileira têm sido marcados por inúmeros retrocessos nos direitos, assim como nas condições de vida da população trabalhadora: retorno da inflação, crescimento vertiginoso do desemprego e da informalidade, arrocho salarial, escalada da fome, entre tantos outros problemas.
Desde fins de 2014, com a retomada da política neoliberal recessiva e, sobretudo, depois de 2016, o país tem retrocedido numa incrível velocidade: Emenda Constitucional 95 (“PEC do fim do mundo”), lei da terceirização, contrarreformas trabalhista e previdenciária, cortes orçamentários em educação e ciência (em 2021, o menor orçamento em duas décadas), desmantelamento das instituições de fiscalização do trabalho (extinção do Ministério do Trabalho) e meio ambiente (queimadas, perseguições a cientistas, desmonte do Ibama, ICM-Bio, Instituto Chico Mendes, reservas florestais e indígenas), dos órgãos de preservação e financiamento da cultura, assim como uma escalada autoritária nos conselhos de decisão sobre educação básica e superior. Inclusive, por serem espaços de livre exercício do pensamento, as universidades públicas foram alçadas à condição de inimigas dos governos, que, assentados em suas ideias negacionistas, desprezam a ciência, a filosofia, as artes e a cultura em geral.
Não bastasse isso, a pandemia da Covid-19 intensificou nossas já enormes mazelas sociais. Embora o SUS tenha tido um papel fundamental para a amenização das consequências da pandemia, o negacionismo instalado no Planalto, em governos estaduais e municipais – e apoiado por uma parcela minoritária, mas significativa da população –, resultou na aposta em tratamentos ineficazes, no descrédito das medidas sanitárias e na falta de políticas públicas nacionais coerentes para combater a propagação do vírus. E, como demonstra a CPI da Covid, em consonância com interesses corruptos, a protelação da compra de vacinas cobrou um preço alto. Como consequência, a doença se alastrou, as mortes foram massivas, a economia piorou. Tudo isso fez do Brasil um dos países cuja população mais sofreu e morreu com a pandemia; sofrimento agravado por resultados econômicos tão ruins ou piores do que as maiores economias do mundo. Enfim, o governo Bolsonaro e seus aliados estaduais e municipais tornaram o Brasil um enorme sepulcro, não apenas de pessoas, mas de civilidade.
O golpe que está sendo orquestrado por forças oficiais e não oficiais para 7 de setembro não tem por finalidade resolver nenhum desses gravíssimos problemas. Ao contrário, silenciando, com sua costumeira hipocrisia, sobre as maracutaias familiares, o acordo com o Centrão, o desmonte das instituições de fiscalização tributária (cerceamento às atividades do COAF), a compra de votos, os orçamentos e gastos secretos e outras malversações, Bolsonaro conta com complacência em seus malfeitos e apoio para difundir sua paranoia sobre a “má-fé” do STF e arregimentar forças sociais – especialmente militares de baixa patente e indivíduos armados de todos os quadrantes sociais, de “pessoas de bem” a milicianos – para tentar instalar uma ditadura civil-militar. Ele não quer, assim, apenas atingir objetivos pessoais e desses segmentos, mas também manter as atenções da população desviadas dos problemas sociais e, por meios autocráticos, silenciar aqueles que se opõem a essa trama antidemocrática e antipopular.
Diante disso, o Sindiprol/Aduel conclama as trabalhadoras e os trabalhadores a se mobilizarem contra a tentativa de golpe de Estado em curso, porque sua consecução significará inequívoca piora nas condições de vida dos trabalhadores e, ainda mais, produzirá um cerceamento às liberdades civis, que, além da negatividade em si disso, tornará muito mais difícil a organização e a luta sindical contra o arrocho salarial e por melhores condições de trabalho.
Só a luta dos trabalhadores pode abrir caminhos e infundir esperanças para a construção de um país mais justo e igualitário.
Contra o retrocesso de direitos!
Contra o aumento da inflação e o arrocho salarial!
Por direitos sociais e liberdades democráticas, diga não ao golpe bolsonarista!
Às ruas!! Diga não ao golpe!!