NOTA SOBRE A PROPOSTA DE MINUTA QUE DISPÕE SOBRE AS DIRETRIZES ADMINISTRATIVAS PARA A DISTRIBUIÇÃO DAS ATIVIDADES DOCENTES
No mês de junho de 2021, o Conselho de Administração (CA) da Universidade Estadual de Londrina (UEL) encaminhou para análise das Direções de Centro uma proposta de alteração das Resoluções CA nº 92/1999, 163/2009 e 180/2009. As Direções, no mês de agosto, solicitaram às Chefias e às Coordenações de Colegiado (Graduação e Pós-Graduação) o debate da minuta e consequente posicionamento acerca das alterações apresentadas. É oportuno enfatizar que as discussões sobre as alterações já vinham sendo realizadas por um grupo de trabalho instituído em 25 de setembro de 2019, constituído por representantes da PROPPG, PROPLAN, PRORH, PROGRAD, PROEX e pelos diretores dos Centros.
A minuta em questão estabelece diretrizes administrativas para a distribuição das atividades docentes e propõe alterações, sobretudo, na Resolução CA vigente, nº 0180/2009.
O Sindiprol/Aduel encara com muita preocupação esse movimento de modificações sobre a administração da carga horária das atividades docentes, alertando que estamos num contexto em que alterações em diversas leis têm incidido negativamente nos direitos das servidoras públicas e dos servidores públicos e, particularmente, no desmonte da carreira do funcionalismo público. Não é demais (re)lembrar, por um lado, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32, atualmente em tramitação na Câmara dos Deputados e na iminência de ir para votação em plenário, que propõe uma (contra)reforma administrativa, suprimindo direitos e eliminando a estabilidade – por enquanto – dos novos servidores públicos; e, por outro, a Lei Geral das Universidades (LGU) a ser enviada em breve para a Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), que, como sabemos, perdeu qualquer autonomia real e aprova todas as propostas do governo Ratinho Jr.
Em um cenário de desmonte dos serviços públicos, de congelamento de investimentos em políticas sociais, de redução de investimentos em pesquisa, de forte presença de uma direção gerencial, privatista e “eadista” por parte dos governos na política educacional (federal e estadual), é preciso defender, intransigentemente, a universidade pública, gratuita e universal, bem como as trabalhadoras e os trabalhadores que a alicerçam e a constroem.
A defesa das condições de trabalho e o enfretamento aos ataques substanciais à carreira docente são exigências que se colocam, ainda de forma mais premente, na cena contemporânea. É nessa direção que a proposta de minuta em debate na comunidade acadêmica da UEL deve ser encarada com rigor crítico e com preocupações.
Como consta na Constituição de 1988, replicada na estadual do Paraná, a premissa fundamental da universidade é a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Sendo assim, a carga horária docente a ser cumprida, de acordo com seu contrato de trabalho, deve ser disposta em atividades de ensino, pesquisa e/ou extensão, como preconizado no Regimento Geral da UEL e em outras normativas institucionais. Vale dizer, é no conjunto do corpo docente que se cumpre o tripé que orienta a missão da universidade em prol do desenvolvimento social da comunidade, como forma de combate às desigualdades sociais e a outras mazelas da sociedade em que vivemos.
Ao reorganizar a distribuição das atividades docentes, a proposta de minuta acaba por enfatizar as atividades de ensino, alterando a forma de realizar seu cômputo, retirando alguns componentes até então considerados como carga horária de ensino (como orientação de monografia ou equivalente de cursos de pós-graduação Lato Sensu e orientação de dissertações e teses em programas de pós-graduação Stricto Sensu), e ampliando a carga horária mínima exigida na resolução atual que prevê carga didática (incluindo aulas na graduação e pós-graduação, supervisão de estágio curricular obrigatório e internatos, orientação de trabalho de conclusão de curso, de monografia de especialização, dissertações e teses e atividade complementar) de 8 (oito) horas/semana/ano, sendo que todo docente deverá ministrar, no mínimo, 4 h/aula/semana/ano na graduação.
Um ponto que chama a atenção é a ausência de um artigo específico que garanta, como há na resolução atual, a carga horária para atividade de preparação das aulas, denominada como atividade complementar no art. 4º da Resolução CA nº 0180/2009. A reafirmação de carga horária para a atividade complementar é imprescindível, para que não se retroceda na concepção de ensino e não se caminhe no sentido da precarização ainda maior das condições de trabalho das e dos docentes.
Enfatiza-se também que, na proposta em questão, considerando as exigências da creditação da extensão, propõe-se considerá-la categoria ensino, mas não podendo compor as 8 (oito) horas de ensino/semana. Pergunta-se: como mobilizar e dar condições para a realização de atividades de extensão não computando-as na carga horária mínima exigida?
A resolução em análise toma as atividades de ensino, isoladamente, sem incorporar e apresentar diretrizes em relação às atividades de pesquisa e extensão. O debate sobre a resolução destinada ao ensino deve ser acompanhado, concomitantemente, às formulações e diretrizes para a pesquisa e a extensão, na perspectiva de sua indissociabilidade. Como pensar em normativa para o ensino sem debater e defender o lugar da pesquisa na universidade?
O controle proposto para as atividades docentes, a serem registradas no formato agenda diária/semanal, também nos causa estranheza: 1) Não considera o volume, de fato, da carga horária cumprida pelo docente e, consequentemente, por engessar sua administração, desconsiderando as particularidades de cada curso, constitui-se muito mais como uma ferramenta fiscalizatória do que de acompanhamento por parte das chefias; 2) A carga horária já é distribuída pelas chefias e o monitoramento de seu cumprimento também.
Diante deste quadro, o Sindiprol/Aduel vê com extrema preocupação a discussão em curso, pois, ao lado de outras minutas, como a da avaliação docente, fomenta ainda mais a precarização do trabalho, ao reduzir nossas atribuições praticamente ao ensino – leia-se, “professoras e professores auleiros”. Tudo isso para atender a pressões externas à UEL, que, ao cabo, querem transformar as Instituições Estaduais de Ensino Superior (IEES) em “colégios de ensino superior”, aos moldes da quase totalidade das Instituições de Ensino Superior (IES) privadas.
O Sindiprol/Aduel, cumprindo seu papel de defensor dos direitos trabalhistas dos servidores docentes, bem como da universidade pública, gratuita e universal – que zela pela indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão –, repudia as tentativas, conscientes ou inconscientes, de precarizar ainda mais o trabalho docente na Universidade Estadual de Londrina.
PREOCUPA CONDIÇÕES DE TRABALHO DOS DOCENTES DURANTE A PANDEMIA
Nova pesquisa sobre as condições de trabalho realizada pelo Sindiprol/Aduel, entre os dias 31 de agosto e 20 de setembro, mostra que triplicou o número de docentes que se sentem exaustos durante a pandemia. A pesquisa também levantou, nesta versão, as condições de trabalho dos docentes temporários.
Com o objetivo de conhecer as condições de trabalho, no mês de abril, ao completar o primeiro mês de isolamento social, uma pesquisa foi realizada com os docentes da UEL, da Uenp e do campus de Apucarana da Unespar. Respondida por mais de 300 docentes, os dados já davam alertas de que a situação não era nada tranquila. Na época, 95% dos docentes indicavam que não haviam parado de trabalhar, mesmo que remotamente, 22% estavam trabalhando mais que 8 horas diárias e 17% consideravam o trabalho exaustivo. (Veja o boletim completo .)
O Sindiprol/Aduel vem acompanhando com apreensão as condições de trabalho dos docentes. Desde então, oficiou aos reitores solicitando a constituição de uma mesa de negociação permanente relacionada às condições do trabalho docente, evocando as orientações do Ministério Público do Trabalho e do Andes-SN acerca do trabalho remoto. (Veja o boletim, publicado em 28 de julho, sobre o assunto clicando .)
Nova pesquisa mostra agravamento da situação
Passados cinco meses, ao replicar a pesquisa, observamos que a situação se agravou. Foram 315 docentes que responderam: 218 da UEL, 92 da Unespar/Apucarana e 5 da Uenp.
Dentre eles, 169 são mulheres, 142 são homens e 4 se declararam não binários. Com relação à faixa etária, os docentes estão igualmente distribuídos nas faixas entre 31 a 60 anos; 11% têm mais de 60 anos.
Mais da metade (56%) respondeu que está trabalhando mais que 8 horas por dia; 29% considera que as condições do seu isolamento social estão lhes causando dificuldades; e 35% consideram as demandas de trabalho exaustivas (mais que o dobro da pesquisa anterior). Se estes forem somados àqueles que consideram tal demanda incompatível, ou na maior parte do tempo incompatível com o isolamento social, teremos quase 60% dos docentes com muitas dificuldades para o exercício do trabalho docente nesta condição.

A precarização do trabalho dos docentes temporários
Nesta segunda versão da pesquisa, foram feitas algumas perguntas exclusivamente para os docentes temporários. 18% dos que responderam ao questionário são temporários. Do total, 41% informam que ocupam mais da metade da sua carga horária com disciplinas e 54% têm sob sua responsabilidade cinco ou mais ementas diferentes. Temos ainda que 32% não participam de atividades de pesquisa ou extensão, sendo que, daqueles que participam, 1/3 não tem carga horária para isso.
As condições de trabalho dos docentes temporários têm sido objeto de reuniões abertas, e precisam ser observadas por todos os docentes, pelas instâncias administrativas e pelos trabalhadores organizados no sindicato, como forma de limitar o processo de precarização do trabalho.
Quem é responsável por garantir condições adequadas ao trabalho docente?
Em abril, já apontávamos que a condição de isolamento social, de incertezas e medo diante da pandemia, produziria diferentes graus de ansiedade e diversas repercussões em nossa vida, nossa saúde e em nossa capacidade de trabalho; problemas que hoje são bem conhecidos de todos nós.
As situações geradas pelo ensino não presencial vêm sendo denunciadas sistematicamente por estudiosos e pela imprensa, e vão desde a falta de interação entre docentes e estudantes até as dificuldades em aferir o conhecimento obtido.
Além disto, as condições em que ocorre o ensino remoto emergencial, embora se apresentem como transitórias, estão impondo aos docentes (e aos estudantes também) condições de precarização típicas do ensino a distância.
Aproveitando-se da pandemia, e utilizando como subterfúgio o ensino remoto emergencial, as universidades, de um modo geral, avançam na implantação do EaD. Para isso, se insiste no uso de plataformas próprias do EaD, estimula-se a “cultura” das atividades “assíncronas” e a gravação de aulas que ficam armazenadas em bancos de dados.
O Sindiprol/Aduel teve acesso a termos de cessão de direitos autorais que circulam em alguns locais nas nossas universidades, nos quais não há uma linha sequer que resguarde os direitos dos docentes. Os equipamentos e muitos aplicativos em uso pelos docentes são pessoais, sem falar nos custos de adequação de espaços, gastos com energia elétrica, internet e outros insumos.
A falta de orientações sobre estes e outros elementos por parte das administrações tem sido objeto de preocupação do sindicato e estão sendo levadas às mesas de negociação. As reitorias da UEL e da Unespar já se dispuseram a discutir esses e outros aspectos das condições de trabalho dos docentes. Inclusive, na UEL já foi realizada uma primeira reunião. Na Unespar, onde o Sindiprol/Aduel participa junto com o Sindunespar, espera-se a primeira reunião para os próximos dias. Somente a reitoria da Uenp ainda não respondeu a estas solicitações.
Aroeira – 22 de agosto de 2020
O Aroeira é um programa de radiojornalismo produzido em parceria pela Assuel e pelo Sindiprol/Aduel e vai ao ar todos os sábados, a partir das 12h, na Rádio UEL FM (107,9). Agora, durante a pandemia da Covid-19 e respeitando o isolamento social, o Aroeira está sendo produzido remotamente e em formato reduzido, mas ainda trazendo o noticiário do mundo sindical.
A edição do dia 22 de agosto tratou do ataque aos servidores públicos e às servidoras públicas, que ficarão sem reajuste salarial até o fim de 2021. O programa também falou sobre os trabalhadores e as trabalhadoras da cultura de Londrina, que estão se organizando para receber os benefícios da Lei Aldir Blanc, e sobre como a venda da Sercomtel prejudica centenas de funcionários e funcionárias da autarquia. Na coluna “Matula do Direito”, o professor Reginaldo Melhado continuou sua análise sobre a plataformização do trabalho. Finalizando a edição semanal do Aroeira, o Boletim do Sindiprol/Aduel abordou a greve, iniciada na terça-feira (18), dos servidores e das servidoras dos Correios.
Caso tenha perdido alguma edição ou não possa acompanhá-lo ao vivo na Rádio UEL FM, o programa poderá ser ouvido posteriormente no site da Rádio UEL FM e também estará disponível no Anchor e serviços de streaming como o Spotify.
Aroeira – 15 de agosto de 2020
O Aroeira é um programa de radiojornalismo produzido em parceria pela Assuel e pelo Sindiprol/Aduel e vai ao ar todos os sábados, a partir das 12h, na Rádio UEL FM (107,9). Agora, durante a pandemia da Covid-19 e respeitando o isolamento social, o Aroeira está sendo produzido remotamente e em formato reduzido, mas ainda trazendo o noticiário do mundo sindical.
A edição do dia 15 de agosto falou da live, promovida pela Assuel, sobre as mudanças nas aposentadorias dos servidores e das servidoras. O programa também falou sobre a reunião do Coletivo dos Sindicatos de Londrina com o prefeito da cidade, que teve como objetivo cobrar medidas mais efetivas contra a covid-19, e do anúncio, feito pelo Sindicato dos Bancários, do fechamento de mais agências por causa da pandemia e do temor pela saúde dos/as trabalhadores/as. Na coluna “Matula do Direito, o professor Reginaldo Melhado falou sobre a plataformização do trabalho. Finalizando a edição semanal do Aroeira, o Boletim do Sindiprol/Aduel tratou dos ataques à previdência no Brasil e no Paraná e da luta em defesa dos direitos.
Caso tenha perdido alguma edição ou não possa acompanhá-lo ao vivo na Rádio UEL FM, o programa poderá ser ouvido posteriormente no site da Rádio UEL FM e também estará disponível no Anchor e serviços de streaming como o Spotify.
Aroeira – 8 de agosto de 2020
O Aroeira é um programa de radiojornalismo produzido em parceria pela Assuel e pelo Sindiprol/Aduel e vai ao ar todos os sábados, a partir das 12h, na Rádio UEL FM (107,9). Agora, durante a pandemia da Covid-19 e respeitando o isolamento social, o Aroeira está sendo produzido remotamente e em formato reduzido, mas ainda trazendo o noticiário do mundo sindical.
A edição do dia 8 de agosto falou sobre uma ação judicial ganha pela Assuel contra o Conselho Regional de Enfermagem, que vai beneficiar centenas de servidores e servidoras. O programa também tratou da palestra que será realizada pela Assuel, na próxima quarta-feira (12), para abordar as mudanças ocorridas na previdência social do Paraná.
Na quarta e última parte da série “A destruição da seguridade social do Brasil”, a assistente social Viviane Peres falou sobre o porquê do governo federal querer acabar com a previdência social no Brasil. Na coluna “Matula do Direito, o professor Reginaldo Melhado falou sobre a reforma tributária de Paulo Guedes e como ela atinge, principalmente, os mais pobres. Finalizando a edição semanal do Aroeira, o Boletim do Sindiprol/Aduel falou da plenária realizada pelo Fórum das Entidades Sindicais (FES), no dia 29 de julho, para tratar dos “Impactos da Previdência para os(as) Servidores(as)”.
Caso tenha perdido alguma edição ou não possa acompanhá-lo ao vivo na Rádio UEL FM, o programa poderá ser ouvido posteriormente no site da Rádio UEL FM e também estará disponível no Anchor e serviços de streaming como o Spotify.
Aroeira – 1 de agosto de 2020
O Aroeira é um programa de radiojornalismo produzido em parceria pela Assuel e pelo Sindiprol/Aduel e vai ao ar todos os sábados, a partir das 12h, na Rádio UEL FM (107,9). Agora, durante a pandemia da Covid-19 e respeitando o isolamento social, o Aroeira está sendo produzido remotamente e em formato reduzido, mas ainda trazendo o noticiário do mundo sindical.
A edição do dia 1 de agosto falou sobre a perda, no primeiro semestre de 2020, de mais de 5,5 mil empregos em Londrina, segundo dados do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). Continuando a série sobre “A destruição da seguridade social do Brasil”, a assistente social Viviane Peres tratou da militarização do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Na coluna “Matula do Direito”, o professor Reginaldo Melhado falou sobre a reforma trabalhista. Finalizando o primeiro programa do mês de agosto, o Boletim do Sindiprol/Aduel abordou as ameaças do Ensino Remoto à Universidade Pública e à saúde docente.
Caso tenha perdido alguma edição ou não possa acompanhá-lo ao vivo na Rádio UEL FM, o programa poderá ser ouvido posteriormente no site da Rádio UEL FM e também estará disponível no Anchor e serviços de streaming como o Spotify.
As ameaças do Ensino Remoto à Universidade Pública e à saúde dos docentes
Utilizando de chantagem e todo tipo de pressão, o governo do Paraná vem forçando as universidades a adotarem neste período de isolamento social o que está se convencionando denominar ensino remoto emergencial, retomando calendários suspensos pela pandemia. Aproveitando-se do contexto de excepcionalidade, o que estamos verificando na prática é uma pressão para que os docentes adotem formas de trabalho que caracterizam o Ensino a Distância (EaD).
O movimento docente há muito tempo denuncia as tentativas de implantação do EaD nas universidades por considerar que se trata de uma descaraterização da escola. Ao impedir um componente essencial da relação pedagógica, que é a interação entre os estudantes e os professores, com o compartilhamento de valores, aprendendo a tolerância com o diverso e pondo em prática os princípios democráticos, o EaD limita a escola à mera transmissão de informações. No ensino superior, ele tem o agravante de atacar a necessária integração entre ensino, pesquisa e extensão reduzindo toda a relação à distribuição de conteúdos, o que sequer pode ser chamado de ensino.
Temos observado que, com a justificativa do “emergencial”, está se incorporando o jargão do EaD, como se pode ler numa minuta de resolução do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) da Universidade Estadual de Londrina (UEL): “Por atividades de ensino remoto emergencial entendem-se aquelas síncronas ou assíncronas a serem realizadas…”, assim como a “indicação de livros e material didático disponíveis nas bases e repositórios virtuais”, ao mesmo tempo que os docentes são bombardeados com uma enxurrada de divulgação dos “repositórios” vinculados ao EaD comercial vigente no país.
Nessa mesma direção, a minuta prescreve que: “Os materiais […] deverão ficar disponíveis aos estudantes durante todo o período da atividade acadêmica/disciplina/módulo, permitindo que o estudante consiga gerenciar seus horários de estudo e realizar as atividades, não havendo restrição de acesso a dias e horários limitados”, condição “assíncrona” que caracteriza precisamente o EaD. E para que não pairem dúvidas, a minuta estabelece que colegiados e docentes “deverão criar mecanismos que garantam o acesso ao conteúdo das aulas ou a gravação das aulas”, estando já em curso a gravação de aulas dentro da UEL em alguns casos.
Trata-se de medidas que na prática criarão uma base sólida para, passada a pandemia, o movimento privatista que há mais de 20 anos vem tentando implantar o EaD nas universidades públicas avance num ritmo acelerado.
Alertamos para a combinação desse cenário com as pressões para enxugar as universidades, quer seja mediante a aprovação de mecanismos como a Lei Geral das Universidades (LGU) que estava pronta para ser apresentada à Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) em março, ou ainda através da redução no financiamento das Instituições Estaduais de Ensino Superior (IEES). Assim, nada impedirá ao governo do Estado de impor uma ampliação do EaD, transformando radicalmente as universidades, restringindo a contratação de professores ou até demitindo parte, pois corre no Congresso Nacional movimentos para acabar com a estabilidade dos servidores públicos.
O interesse em ampliar o uso das plataformas típicas do EaD fica evidente na própria minuta da UEL quando afirma que “Na Universidade se utiliza a plataforma Moodle, inclusive para as TICs, nesse período de excepcionalidade poderá haver o uso de outras ferramentas que viabilizem a comunicação” tais como “Google Apps (pacote disponibilizado para UEL), incluindo o Google Classroom, Meet, entre outros”. A mesma coisa podemos constatar no caso da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), que, numa instrução sobre avaliações, a reitoria prescreve que “as atividades avaliativas, inclusive os exames finais, assim como as atividades curriculares realizadas durante a suspensão das aulas presenciais, devem ficar registradas em uma das Plataformas vinculadas ao e-mail institucional, a saber: Moodle Unespar, Teams, Gsuíte ou no drive do e-mail institucional do professor da disciplina”.
Para o Sindiprol/Aduel, o que está em questão é a manutenção do caráter público da universidade, ameaçada por esse cavalo de troia que é o ensino remoto emergencial como antessala do EaD e da redução do quadro docente.
O Sindiprol/Aduel e as condições de trabalho
O Sindiprol/Aduel tem recebido cada vez mais reclamações de docentes expostos a esta modalidade de trabalho remoto, indicando aumento do cansaço e esgotamento físico e mental provocados pela combinação do trabalho remoto, com os cuidados de isolamento social e as imposições da vida familiar. As reclamações indicam um aumento na carga geral de trabalho e a pressão para que os professores fiquem disponíveis 24 horas por dia, 7 dias por semana.
Nesse sentido, o Sindiprol/Aduel lembra que é obrigatória a prévia negociação coletiva de trabalho toda vez que houver alterações das condições de trabalho dos professores. O Sindicato exige ser ouvido em relação às garantias das condições de trabalho que devem se pautar por:
- Orientações e parâmetros de ergonomia física e organizacional para realização do trabalho remoto (especialmente aos docentes portadores de deficiência);
- Limite (e adaptação) de jornada de trabalho (duração e intervalos) no novo modelo, especialmente em razão de maior desgaste psicossomático imposto pelas novas modalidades e também para assegurar o direito à desconexão com equilibrada compatibilidade da vida profissional com a vida familiar, social e pessoal do docente;
- Regulação da exposição dos professores nas atividades remotas, em especial na vedação de gravação de aulas sem anuência expressa e detalhada de obrigatória deliberação das instâncias institucionais da Universidade, garantindo também a exposição ou gravação indesejada por parte dos professores;
- Inviolabilidade dos direitos autorais dos professores, mediante reprodução ou divulgação indesejada de materiais utilizados nas atividades remotas;
- Mecanismos que assegurem aos professores o exercício de suas atividades em ambientes virtuais sem a interferência ou ingresso indesejado de outras pessoas que não sejam os alunos previamente autorizados pelo professor.
Em que pese o Sindiprol/Aduel chamar a atenção para a necessidade de se avançar no debate dessas modalidades de ensino, entendemos que, em sua vigência, algumas garantias precisam ser preservadas tendo em vista a saúde e os direitos dos docentes.
Aroeira – 18 de julho de 2020
O Aroeira é um programa de radiojornalismo produzido em parceria pela Assuel e pelo Sindiprol/Aduel e vai ao ar todos os sábados, a partir das 12h, na Rádio UEL FM (107,9). Agora, durante a pandemia da Covid-19 e respeitando o isolamento social, o Aroeira está sendo produzido remotamente e em formato reduzido, mas ainda trazendo o noticiário do mundo sindical.
A edição do dia 18 de julho falou sobre a preocupação do SindShopping de Londrina com o aumento de demissões por causa da pandemia do coronavírus e também marcou o início da série “A destruição da seguridade social do Brasil”. Ainda no programa, foi abordada a situação dos/as professores/as da rede estadual do Paraná, que afirmam ter a saúde afetada durante o trabalho nas atividades a distância. Finalizando a edição, foi falado sobre a Reunião Ampliada de Diretoria do Sindiprol/Aduel, realizada na última terça-feira (14), e a Reunião com Docentes Temporários/as, que será realizada na próxima quarta-feira (22).
Caso tenha perdido alguma edição ou não possa acompanhá-lo ao vivo na Rádio UEL FM, o programa poderá ser ouvido posteriormente no site da Rádio UEL FM e também estará disponível no Anchor e serviços de streaming como o Spotify.
Aroeira – 11 de julho de 2020
O Aroeira é um programa de radiojornalismo produzido em parceria pela Assuel e pelo Sindiprol/Aduel e vai ao ar todos os sábados, a partir das 12h, na Rádio UEL FM (107,9). Agora, durante a pandemia da Covid-19 e respeitando o isolamento social, o Aroeira está sendo produzido remotamente e em formato reduzido, mas ainda trazendo o noticiário do mundo sindical.
A edição do dia 11 de julho abordou a posse de Marcelo Seabra como novo presidente da Assuel e falou sobre o novo ataque do governo Ratinho Jr (PSD) às servidoras e aos servidores: apesar da defasagem de mais de 17%, o governador propõe o congelamento de salários. Ainda no programa, falamos sobre como, duas semanas após a aprovação do ensino remoto emergencial na UEL, poucos cursos de graduação já tiveram início das atividades.
Caso tenha perdido alguma edição ou não possa acompanhá-lo ao vivo na Rádio UEL FM, o programa poderá ser ouvido posteriormente no site da Rádio UEL FM e também estará disponível no Anchor e serviços de streaming como o Spotify.